"Mas a senhora sabe", dizia o jovem senhor de terno à mesa enquanto mexia seu café com a pequena colher de metal, "eu costumo dizer que a família é a coisa mais importante. Quem tem uma família forte e dedicada nunca terá um medo real na vida".
A senhora a quem se dirigia esfregava uma panela com veemência para remover uma mancha mais persistente. "Sabe que é verdade?", disse ela ofegando. "Todo mundo pode ir embora, mas a família sempre tá ali". O barulho da palha de aço esfregando contra o metal dava um fundo caseiro à conversa entre recém conhecidos.
Até aquele momento, a simpática senhora não se questionou uma vez sequer sobre seu visitante. "Por que o deixei entrar?", "O que ele quer com meu filho?". Nada assim passava por sua cabeça. O homem parecia ter as palavras certas para dizer para manter a mulher sob encanto do seu carisma. Vestia um terno e carregava uma maleta, e tinha o tempo todo um sorriso despretensioso no rosto.
"Eu sempre digo pro Rogério", começou a mulher a devanear em voz alta, se referindo obviamente ao filho único. "Corre atrás do que você quer, menino. Não dá ouvido pra essa gente que fica agourando o seu trabalho. Olha lá agora. O menino fez tanto dinheiro com os últimos quadros que pagou a casa, e a gente tá planejando a reforma pra começar mês que vem".
O orgulho era tangível na voz da mulher de posses modestas. Entendia pouco sobre o ofício do filho. Sabia que ele pintava quadros, e que recentemente conseguira contato com certa casta da alta sociedade muito interessada em arte. Sabia também que ele não teria chegado onde chegou se desse ouvidos ao pai, que não se conformava que o filho dedicasse uma parcela tão larga de seu tempo a algo que não desse dinheiro quando poderia trocar seu emprego de meio período por algo mais rentável. Era claro que o pai estava aos poucos cedendo à ideia depois de ver os boletos pagos das prestações atrasadas de sua residência.
"Eu soube", disse o homem com um sorriso um pouco mais largo que o de costume. "Ele vendeu pra gente muito importante. E eu acho que não vai parar logo, ouvi que tem gente com inveja dos amigos querendo fazer encomendas com seu filho. Sabe? Pra não ficar pra trás. Essa gente rica…" pontuou com uma risada entre dentes.
O som da chave girando na fechadura interrompeu o diálogo para anunciar a chegada do membro mais aguardado da conversa. Rogério entrou desajeitado, segurando pacotes de compras em um braço e a chave da casa na mão livre, e foi acudido às pressas pela mãe para que não derrubasse nada. O visitante à mesa se levantou e ajeitou o paletó para recebê-lo em pé, conforme comanda a etiqueta.
O sorriso no rosto de Rogério ao reconhecer a figura que o aguardava era radiante. "Você!" exclamou animado. "Mãe, por que você não me avisou que ele estava aqui?". Às pressas largou os pacotes à mesa e apertou-lhe a mão afoitamente. "Por que você não me avisou que vinha?" questionou quase tom de desculpa.
"Estávamos falando de você" disse o homem. "Sua mãe estava me contando sobre suas vendas. Parabéns!"
"Eu nunca consegui te encontrar pra agradecer", falava o rapaz enquanto recuperava o fôlego. "Mãe, esse é o Gerard, aquele que eu te contei! Ele que me deu as direções praquele cliente que começou tudo isso!"
A mãe, finalmente consciente de quem era o homem que recebera em casa e a quem oferecia café, colocou as duas mãos em frente à boca com os olhos arregalados. "Meu Deus do céu", disse pasma. "Então você é aquele amigo do Rogério que ajudou ele...".
O homem arregalou os olhos e fez um sinal com a mão, como se afastasse a quase veneração que a mulher transpirava. "Por favor, eu só sugeri um caminho. O mérito é todo do seu filho, ele que fez os quadros e os apresentou pessoalmente".
"Você sugeriu um caminho" disse Rogério rindo. "E um horário, e um tema, e alguns assuntos. Seguindo os seus conselhos, é como se eu soubesse tudo que ia acontecer, e soubesse como reagir".
Rogério e Gerard riram juntos. O visitante era uma aparição rara. O pintor apresentava seus quadros em uma amostra de arte, e Gerard, em seu porte modesto embora elegante, manifestou muito interesse na obra, mesmo que não fizesse nenhuma forma de menção de compra. Em uma conversa descontraída sobre obras surrealistas, sugeriu o estranho um lugar em que o artista deveria aparecer em um horário específico e falar com uma pessoa específica, que seria capaz de inserí-lo em uma amostra de arte reservada a figurões da alta sociedade, do tipo competitivo e constantemente em busca de afilhados artísticos. Lá, ele deveria expôr dois quadros com temas muito específicos; aos interessados, deveria aludir a elementos peculiares, mas igualmente bem definidos.
O sucesso foi tão grande que a clientela resultante já comprara mais de 10 quadros, cada um a preço nunca antes concebível pela mente habituada às escarças vendas nas amostras marginais a que tivera acesso até então. O guia de toda essa transformação, porém, desapareceu com a mesma espontaneidade com que surgiu: nunca se ouviu qualquer notícia sobre Gerard desde seu ensaio quase profético.
"Eu nunca consegui agradecer" disse Rogério.
"Não é necessário", disse Gerard. "Você é um tipo raro de artista. Eu adoraria viver em um mundo onde vocês fossem mais fáceis de encontrar". Sua voz não transpirava falsa humildade, modéstia ou soberba: tudo lhe transcorria em naturalidade tal que não faria sentido imaginar que a reação da família o afetaria de qualquer forma.
"Mas..." seguiu Gerard em sua fala antes que outro assunto pudesse tomar a conversa, "infelizmente eu preciso te pedir um favor dessa vez. Você teria tempo para conversar?"
Rogério confirmou empolgado muitas vezes com a cabeça e juntou as sacolas na mesa. "Vem comigo aqui no estúdio", disse enquanto conduzia o visitante para o pequeno quarto onde costumava pintar suas telas. Teria finalmente a oportunidade de agradecer de forma apropriada!
Ali, haviam três cadeiras e uma pequena mesa redonda a um canto. Rogério costumava usar aquele lugar para receber amigos e tomar cervejas sem incomodar a rotina de seus pais. "Sente-se, por favor" disse ao visitante enquanto tirava dos pacotes os pincéis e tubos de tinta recém comprados e os depositava em um balcão manchado de diversas cores. "Me diga então. O que eu poderia fazer por você?"
"Eu preciso de quadros", disse Gerard sem delongas. "Claro, se você tiver o tempo. É para a minha família, essas coisas são importantes pra nós. Eu precisava de quatro".
Rogério se sentou sorrindo à mesa junto a Gerard. Poderia agradecer a seu agente com seu trabalho, o que parecia muito apropriado. "Claro! Se eu não tiver o tempo, eu prometo que arranjo. Você quer algo específico?"
"Sim", disse Gerard com um sorriso satisfeito. "Você leva jeito pra essas coisas mesmo. Um para cada estação do ano. Não quero dar nenhum palpite sobre o que você vai mostrar sobre elas, só que esses são os temas. O que elas te lembram… o que elas te inspiram… o que te parecer apropriado. Tome o tempo que precisar, não deixe isso atrapalhar suas encomendas".
"Um tema bastante subjetivo", disse Rogério confirmando com a cabeça. "Eu gosto. Será um prazer".
"E se não for pedir demais, eu queria também pedir que você não falasse com ninguém sobre esses quadros. Tudo bem se as pessoas os virem, mas não mencione que são pra mim, nem qual é o tema".
Rogério nunca ouviu um pedido como esse antes, e em particular, pelos últimos meses, costumava ouvir o oposto, como "Tire fotos e conte para todos que eu que encomendei". Mas Gerard parecia sempre o tipo discreto, e isso parecia encaixar com seu comportamento. O artista preferiu não questionar; estava contente com as condições. Mas, naturalmente, havia a questão que precisava ser levantada...
"Como eu faço pra te entregar? Te encontrar é mais difícil do que eu pensava".
Gerard sorriu. Entregou de seu bolso interno um cartão, que dizia apenas "Gerard Fausto" e um número de telefone. "Me ligue, eu venho buscá-lo ou peço para alguém".
"Claro!" disse Rogério entusiasmado. "Eu aviso".
"Se você não se importar… odeio ter que fazer isso, mas eu tenho um compromisso muito importante no centro da cidade em uma hora, e eu realmente preciso ir" disse Gerard transparecendo um peso na consciência incomum por se retirar de forma tão prematura.
"Sem problemas", disse Rogério. "Pena que não possa ficar mais. Venha, eu abro a porta".
Gerard agradeceu polidamente à anfitriã da casa pelo café e se retirou, se despedindo de Rogério com um aperto de mão cortês. Saiu pelo portão baixo da casa humilde carregando sua maleta e caminhou sem pressa pela calçada ensolarada. Uma vez fora de vista, sacou de um bolso o telefone celular e fez uma ligação.
"O rapaz fará as pinturas", disse em tom natural e em seguida baixou a voz. "E aquele garoto, ele se saiu bem? Cades é difícil, mas é sensato… Sim, temos muito o que analisar essa noite. Eu consegui o nome a que o padre aludiu tantas vezes: é uma mulher que atende por Carla Carman, mas seu nome original já se perdeu para o tempo junto com sua seita. Encontrem o que puderem, ela parece ter uma trilha fresca de sangue a seguir. Chego em casa a tempo para a comunhão, tenho apenas um último compromisso na agenda e estarei a caminho. Te vejo lá. Luz sobre seus caminhos, irmão".
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A senhora a quem se dirigia esfregava uma panela com veemência para remover uma mancha mais persistente. "Sabe que é verdade?", disse ela ofegando. "Todo mundo pode ir embora, mas a família sempre tá ali". O barulho da palha de aço esfregando contra o metal dava um fundo caseiro à conversa entre recém conhecidos.
Até aquele momento, a simpática senhora não se questionou uma vez sequer sobre seu visitante. "Por que o deixei entrar?", "O que ele quer com meu filho?". Nada assim passava por sua cabeça. O homem parecia ter as palavras certas para dizer para manter a mulher sob encanto do seu carisma. Vestia um terno e carregava uma maleta, e tinha o tempo todo um sorriso despretensioso no rosto.
"Eu sempre digo pro Rogério", começou a mulher a devanear em voz alta, se referindo obviamente ao filho único. "Corre atrás do que você quer, menino. Não dá ouvido pra essa gente que fica agourando o seu trabalho. Olha lá agora. O menino fez tanto dinheiro com os últimos quadros que pagou a casa, e a gente tá planejando a reforma pra começar mês que vem".
O orgulho era tangível na voz da mulher de posses modestas. Entendia pouco sobre o ofício do filho. Sabia que ele pintava quadros, e que recentemente conseguira contato com certa casta da alta sociedade muito interessada em arte. Sabia também que ele não teria chegado onde chegou se desse ouvidos ao pai, que não se conformava que o filho dedicasse uma parcela tão larga de seu tempo a algo que não desse dinheiro quando poderia trocar seu emprego de meio período por algo mais rentável. Era claro que o pai estava aos poucos cedendo à ideia depois de ver os boletos pagos das prestações atrasadas de sua residência.
"Eu soube", disse o homem com um sorriso um pouco mais largo que o de costume. "Ele vendeu pra gente muito importante. E eu acho que não vai parar logo, ouvi que tem gente com inveja dos amigos querendo fazer encomendas com seu filho. Sabe? Pra não ficar pra trás. Essa gente rica…" pontuou com uma risada entre dentes.
O som da chave girando na fechadura interrompeu o diálogo para anunciar a chegada do membro mais aguardado da conversa. Rogério entrou desajeitado, segurando pacotes de compras em um braço e a chave da casa na mão livre, e foi acudido às pressas pela mãe para que não derrubasse nada. O visitante à mesa se levantou e ajeitou o paletó para recebê-lo em pé, conforme comanda a etiqueta.
O sorriso no rosto de Rogério ao reconhecer a figura que o aguardava era radiante. "Você!" exclamou animado. "Mãe, por que você não me avisou que ele estava aqui?". Às pressas largou os pacotes à mesa e apertou-lhe a mão afoitamente. "Por que você não me avisou que vinha?" questionou quase tom de desculpa.
"Estávamos falando de você" disse o homem. "Sua mãe estava me contando sobre suas vendas. Parabéns!"
"Eu nunca consegui te encontrar pra agradecer", falava o rapaz enquanto recuperava o fôlego. "Mãe, esse é o Gerard, aquele que eu te contei! Ele que me deu as direções praquele cliente que começou tudo isso!"
A mãe, finalmente consciente de quem era o homem que recebera em casa e a quem oferecia café, colocou as duas mãos em frente à boca com os olhos arregalados. "Meu Deus do céu", disse pasma. "Então você é aquele amigo do Rogério que ajudou ele...".
O homem arregalou os olhos e fez um sinal com a mão, como se afastasse a quase veneração que a mulher transpirava. "Por favor, eu só sugeri um caminho. O mérito é todo do seu filho, ele que fez os quadros e os apresentou pessoalmente".
"Você sugeriu um caminho" disse Rogério rindo. "E um horário, e um tema, e alguns assuntos. Seguindo os seus conselhos, é como se eu soubesse tudo que ia acontecer, e soubesse como reagir".
Rogério e Gerard riram juntos. O visitante era uma aparição rara. O pintor apresentava seus quadros em uma amostra de arte, e Gerard, em seu porte modesto embora elegante, manifestou muito interesse na obra, mesmo que não fizesse nenhuma forma de menção de compra. Em uma conversa descontraída sobre obras surrealistas, sugeriu o estranho um lugar em que o artista deveria aparecer em um horário específico e falar com uma pessoa específica, que seria capaz de inserí-lo em uma amostra de arte reservada a figurões da alta sociedade, do tipo competitivo e constantemente em busca de afilhados artísticos. Lá, ele deveria expôr dois quadros com temas muito específicos; aos interessados, deveria aludir a elementos peculiares, mas igualmente bem definidos.
O sucesso foi tão grande que a clientela resultante já comprara mais de 10 quadros, cada um a preço nunca antes concebível pela mente habituada às escarças vendas nas amostras marginais a que tivera acesso até então. O guia de toda essa transformação, porém, desapareceu com a mesma espontaneidade com que surgiu: nunca se ouviu qualquer notícia sobre Gerard desde seu ensaio quase profético.
"Eu nunca consegui agradecer" disse Rogério.
"Não é necessário", disse Gerard. "Você é um tipo raro de artista. Eu adoraria viver em um mundo onde vocês fossem mais fáceis de encontrar". Sua voz não transpirava falsa humildade, modéstia ou soberba: tudo lhe transcorria em naturalidade tal que não faria sentido imaginar que a reação da família o afetaria de qualquer forma.
"Mas..." seguiu Gerard em sua fala antes que outro assunto pudesse tomar a conversa, "infelizmente eu preciso te pedir um favor dessa vez. Você teria tempo para conversar?"
Rogério confirmou empolgado muitas vezes com a cabeça e juntou as sacolas na mesa. "Vem comigo aqui no estúdio", disse enquanto conduzia o visitante para o pequeno quarto onde costumava pintar suas telas. Teria finalmente a oportunidade de agradecer de forma apropriada!
Ali, haviam três cadeiras e uma pequena mesa redonda a um canto. Rogério costumava usar aquele lugar para receber amigos e tomar cervejas sem incomodar a rotina de seus pais. "Sente-se, por favor" disse ao visitante enquanto tirava dos pacotes os pincéis e tubos de tinta recém comprados e os depositava em um balcão manchado de diversas cores. "Me diga então. O que eu poderia fazer por você?"
"Eu preciso de quadros", disse Gerard sem delongas. "Claro, se você tiver o tempo. É para a minha família, essas coisas são importantes pra nós. Eu precisava de quatro".
Rogério se sentou sorrindo à mesa junto a Gerard. Poderia agradecer a seu agente com seu trabalho, o que parecia muito apropriado. "Claro! Se eu não tiver o tempo, eu prometo que arranjo. Você quer algo específico?"
"Sim", disse Gerard com um sorriso satisfeito. "Você leva jeito pra essas coisas mesmo. Um para cada estação do ano. Não quero dar nenhum palpite sobre o que você vai mostrar sobre elas, só que esses são os temas. O que elas te lembram… o que elas te inspiram… o que te parecer apropriado. Tome o tempo que precisar, não deixe isso atrapalhar suas encomendas".
"Um tema bastante subjetivo", disse Rogério confirmando com a cabeça. "Eu gosto. Será um prazer".
"E se não for pedir demais, eu queria também pedir que você não falasse com ninguém sobre esses quadros. Tudo bem se as pessoas os virem, mas não mencione que são pra mim, nem qual é o tema".
Rogério nunca ouviu um pedido como esse antes, e em particular, pelos últimos meses, costumava ouvir o oposto, como "Tire fotos e conte para todos que eu que encomendei". Mas Gerard parecia sempre o tipo discreto, e isso parecia encaixar com seu comportamento. O artista preferiu não questionar; estava contente com as condições. Mas, naturalmente, havia a questão que precisava ser levantada...
"Como eu faço pra te entregar? Te encontrar é mais difícil do que eu pensava".
Gerard sorriu. Entregou de seu bolso interno um cartão, que dizia apenas "Gerard Fausto" e um número de telefone. "Me ligue, eu venho buscá-lo ou peço para alguém".
"Claro!" disse Rogério entusiasmado. "Eu aviso".
"Se você não se importar… odeio ter que fazer isso, mas eu tenho um compromisso muito importante no centro da cidade em uma hora, e eu realmente preciso ir" disse Gerard transparecendo um peso na consciência incomum por se retirar de forma tão prematura.
"Sem problemas", disse Rogério. "Pena que não possa ficar mais. Venha, eu abro a porta".
Gerard agradeceu polidamente à anfitriã da casa pelo café e se retirou, se despedindo de Rogério com um aperto de mão cortês. Saiu pelo portão baixo da casa humilde carregando sua maleta e caminhou sem pressa pela calçada ensolarada. Uma vez fora de vista, sacou de um bolso o telefone celular e fez uma ligação.
"O rapaz fará as pinturas", disse em tom natural e em seguida baixou a voz. "E aquele garoto, ele se saiu bem? Cades é difícil, mas é sensato… Sim, temos muito o que analisar essa noite. Eu consegui o nome a que o padre aludiu tantas vezes: é uma mulher que atende por Carla Carman, mas seu nome original já se perdeu para o tempo junto com sua seita. Encontrem o que puderem, ela parece ter uma trilha fresca de sangue a seguir. Chego em casa a tempo para a comunhão, tenho apenas um último compromisso na agenda e estarei a caminho. Te vejo lá. Luz sobre seus caminhos, irmão".